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domingo, 13 de outubro de 2013

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Trecho de "Boa Noite, Sam"

      Olá Leitores, Saldades???
      Então, esse não é o segundo capitulo, é um trecho que eu acabei de escrever dessa minha obra em andamento, "Boa Noite, Sam" e eu quiz compartilhar com vocês. Podem encarar como spoiler, mas tudo bem, afinal já comecei o livro do final mesmo, todo mundo que leu o prefácio já sabe o que vai acontecer kkkk. Esse trecho vai ser encaixado lá na frente da história, bem lá na frente, mas nãoé o final, mas o começo do final. entenderam???
      Em fim, leiam esse trecho, achei que ficou muuito bem, mas aceito opiniões construtivas (mesmo com os comentários positivos, estarei surda - ou cega - á qualquer "não mata o Sam, por favor" kkk.)

"Boa Noite, Sam"
Trecho 1

       Maggie olhava para o rosto de Sam que dormia profundamente. Ele estava tão pálido, tão abatido. As olheiras estavam mais aparentes e ele nunca lhe parecera tão frágil. Sam respirava devagar e pesadamente, ele se mexeu um pouco e franziu a testa, ele estava com dor.

        Deixe-o ficar”, uma parte dela lhe dizia (a parte egoísta, e ela sabia disso). “Você consegue fazer isso, você pode transformar esses últimos dias nos dias mais felizes da vida dele. É o que ele quer. Abrace-o e diga que vai ficar tudo bem e continue assim até que o momento chegue. Você consegue, você é forte por você e por ele.”

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

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"Boa Noite, Sam" Capitulo 1

    Olá Leitores!!!
    Como o prometido, terminei o primeiro capitulo do livro Boa noite, Sam e o estou postando aqui. De novo, está fresquinho, acabei de fazer. Quem quizer ler o prefácio primeiro para não se perder, clique AQUI


Boa Noite, Sam
Capitulo 1
      " O cheiro do café sendo preparado era maravilhoso e enchia o apartamento. Esse era um dos prazeres de Maggie Brown, acordar e passar um café como uma vizinha brasileira havia ensinado á ela quando ela ainda era criança. Os americanos preparavam um café tão cheio de frescuras: com leite, com creme, descafeínado, e uma gama de outros tipos de café que a deixavam louca toda vez que ela entrava numa cafeteria. Por isso ela preferia a simplicidade do seu café preto, puro e com açúcar e o cheiro que ficava em sua cozinha quando o preparava, esquentando a agua no fogão e despejando o liquido quente no filtro de café. A cafeteira era impessoal e robótica na sua opinião, tirando todo o encanto do ritual do preparo e quando acontecia de ela tomar café feito por um amigo da forma americanizada, ela o achava insosso e fraco.

terça-feira, 10 de setembro de 2013

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"Boa Noite, Sam" - prefacio

     Olá Leitores!!
     Eu sei que estou relapsa com o blog, podem xingar. kkkk. Mas para me redimir, trago para vocês o prefacio que eu acabei de escrever de um livro em construção. É serio, acabei de escrever, mais novo do que isso impossível, e vocês meu leitores, podem ler em primeira mão o prefácio de "Boa noite, Sam."


Boa noite, Sam
Prefácio

      Maggie parou em frente á porta do quarto de Sam. Estava com a mão na maçaneta pronta para girar, mas não conseguia. Estava ali parada como que congelada. Ela sabia que ela tinha que abrir aquela porta e entrar, que ela tinha que vê-lo, abraçá-lo, beijá-lo. Ela sabia que ele deveria estar terrivelmente amedrontado, deveria estar com raiva, com medo, e que só ela podia confortá-lo. Maggie Brown sabia de tudo isso, mas mesmo assim, não conseguia entrar naquele quarto de hospital. Não assim. Ela não queria que ele a visse chorando, ela tinha que ser forte por ele agora.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

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"O padre e a bruxa" capitulo 2

Olá Leitores, mais um trecho de uma história minha!

O Padre e a Bruxa
CAPITULO II

 

 

     Elder era uma cidade realmente pequena no interior do Maine, você podia chegar á ela pela estrada, se tivesse paciência, depois de passar por muitas árvores, um esquilo ocasional no meio da estrada e quase nenhum outro carro de passeio (a maioria era de caminhões fazendo seu caminho através do país). Tinha setecentos e poucos habitantes, era em sua maioria uma comunidade rural, de gente comum e decente, vivendo numa cidade onde todos se conheciam, em que havia almoço comunitário de domingo, onde se podia ouvir pássaros cantando o dia inteiro e á noite se podia ver as estrelas no céu. Onde se sentia o cheiro de torta de amora pela rua toda á tarde e onde as mães não precisavam pedir antecedentes criminais ás potenciais babás.



quarta-feira, 19 de setembro de 2012

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"O Verme do cíume" 1º capitulo, por Natalia de Oliveira

  " O verme do cíume"
 
capitulo I


    "Mil novecentos e cinquenta e quatro foi o ano em que tudo aconteceu. Era outono, fim de outubro, me lembro que as arvores tinham suas folhas amareladas e avermelhas e varias jaziam no gramado da praça perto de minha casa, no sul de Londres. Mudei-me para lá vindo de Cambridge a fim de me livrar de problemas pessoais que não acho relevante citar por não fazerem parte de minha história. Consegui encontrar um bairro tranquilo para morar, eu era advogado de causas civis e tudo o que eu queria era um lugar tranquilo onde pudesse descansar nas horas de folga e me dedicar á minha real paixão, a escrita. No bairro Winston todos eram muito discretos.

     Minha casa era na realidade o segundo andar da casa de uma senhora, Sra. Talbot. Ela era uma senhora em seus sessenta anos de idade, com seu cabelo branco preso em um coque bem ultrapassado, seu vestido azul escuro de gola alta e um xale de tricô feito por ela mesma. Quando seus filhos se casaram e seu marido morrera, não havendo razão para manter uma casa tão grande para uma velha senhora sozinha, ela reformou a casa, separando totalmente o primeiro andar do segundo andar e o colocara para alugar. No vestíbulo, havia a porta que levava á parte dela da casa, com uma aldrava de cobre um pouco enferrujada e logo á frente, uma escadaria que tinha quinze degraus, e que terminava em outra porta, minha parte da casa. Havia uma sala que eu havia transformado em escritório, uma cozinha, um quarto de dormir e um banheiro e para mim, era mais do que suficiente. Não tinha planos de formar família nenhuma para precisar de mais do que isso.

     Meu convívio com a Sra. Talbot era muito bom, quando digo isso, quero dizer que ela não bisbilhotava minha vida, o motivo disso era que ela havia caído da escada anos atrás e quebrara a perna em vários lugares, ou seja, ela nunca subiria a escada outra vez pelo motivo que fosse. O único contato que tínhamos era duas vezes por mês, quando eu batia á sua porta para pagar o aluguel. Com um sorriso satisfeito ela atendia a porta, mancando com sua bengala de madeira, recebia o dinheiro, fazia algum gracejo sobre o tempo ou qualquer outro assunto ridículo e se trancava outra vez, só para repetir o ritual dali quinze dias.

     Ela também não tinha o que reclamar de mim enquanto inquilino, todos os dias eu pegava o ônibus até o centro de Londres onde ficava o escritório de advocacia para o qual eu trabalhava. Saia cedo e voltava tarde, mas sempre em silêncio e evitava ao máximo fazer qualquer barulho que incomodasse a velha senhora no andar de baixo e foi assim que vivi os primeiros meses em minha nova casa em Londres.

     Serei franco com vocês, advocacia não era a profissão que eu havia escolhido para mim, era na realidade imposição de meu falecido pai, também advogado, que queria que o único filho seguisse seus passos. Não o culpo. Mas meu sonho era me tornar um escritor. A calma do bairro Winston fora fator determinante para a escolha de minha moradia, pois eu queria escrever com calma meu contos e reflexões sobre o mundo.

     Os londrinos eram tão interessantes, tão calados, sempre fazendo tudo certo, como se tentassem compensar alguma coisa, como se cada um tivesse um mistério por trás da mascara de bons modos e isso aguçava minha infantil curiosidade sobre suas vidas e o que escondiam.

     Sentava-me num banco na praça perto de casa, as vezes, e observava as pessoas do bairro, as famílias deixando suas casas para uma tarde de lazer ou um piquenique sob o sol de domingo. Levava comigo um caderno de anotações e uma caneta e punha-me á divagar sobre quem eram aquelas pessoas e oque poderiam ter de interessante e fosse digno de nota. Mas em sua maioria, eram vazios, previsíveis, normais demais. Eu estava em busca de algo novo e diferente, algo do qual eu não desistisse nas primeiras paginas, algo pelo qual eu me apaixonasse.

     Mas não foi num domingo de sol familiar que me apaixonei.

     Era sexta feira, fim de tarde. Por algum motivo, não me lembro qual, não fui ao trabalho naquele dia, e ao fim da tarde resolvi ir á praça com meu caderno e minha caneta em busca de algo novo, esperando ter sorte, mesmo com pouca gente para observar.

     Mas quem eu era?” me peguei pensando. Um homem de quase trinta anos, olhos azuis, cabelos negros, alto e de bom porte, digamos assim. Mas não era esse exterior que tirava meu sono, era o meu interior. Oque eu estava fazendo, observando as pessoas como se fossem adúlteros e eu um detetive de quinta categoria, invadindo sua privacidade á distancia. Senti-me um voyeur, um tarado por assim dizer. As vezes senti-me assim, e buscava me refrear, mas sempre acabava voltando para o banco da praça com o caderno e minhas divagações. Aquele foi meu ultimo dia de voyeurismo na praça.

     Observava três crianças que brincavam de pular corda no pavimento perto de mim: uma menina de longas tranças negras com um vestidinho azul escuro numa das pontas da corda; na outra ponta, um menino de cabelos castanhos claros e sardento, usava calça curta preta, uma camisa branca e suspensórios; e a que mais me chamou a atenção, um menininha loira de cabelos cacheados cheios, usando um vestidinho branco, linda.

     Por um momento senti-me horrorizado com um pensamento que me abateu de repente, sobre o que poderia acontecer se em meu lugar estivesse um tarado? Quieto, espreitando crianças inocentes que brincavam despreocupadas na praça. Eu conseguia imaginá-lo ali, sentado exatamente onde eu estava, observando-as com um meio sorriso hediondo. Tudo o que ele teria que fazer seria apenas chama-las. Provavelmente escolheria a loira.

     Comecei a me perguntar como Deus permitia que tão vil criatura caminhasse sobre a terra, alguém que fosse capaz de fazer tamanha maldade contra um serzinho tão pequeno e indefeso? Compreendi então que isso não podia ser obra de Deus, mas sim, do demônio, esse sim, que era o causador de todo mal, e das guerras, e da fome. Não Deus, por que ele nos dera o maior dos dons, o de escolher que caminho seguir. O livre arbitro nos fora concedido por Ele, e se a guerra existe, não é sua culpa, mas nossa. Nossas escolhas erradas acabam por fazer de nós soldados.

     Então, para tirar-me de meu devaneio, um casal sentou-se num banco ao lado do meu. Minha vida não teria se modificado tanto se eu não tivesse ido á praça aquele dia, dia esse que vou amar e amaldiçoar enquanto eu viver.

     Era um casal silencioso. O homem era um tipo bem comum, cabelo castanho, alto, usava um terno aparentemente caro e muito bem ajustado escuro e um chapéu. Lia o jornal em suas mãos atentamente. Como eu disse, era um tipo bem comum, não teria chamado minha atenção por mais de dois segundos se não fosse a mulher ao seu lado.

     A mulher, ah, a mulher. Em pensar que eu já desejei nunca ter posto meu olhos nela. Era ruiva, sardenta, usava um vestido verde embaixo do casaco preto. Usava um pequeno chapéu, verde também, e pode ver seu olhos, e eram olhos tristes.

     Não sei explicar o que aconteceu comigo quando eu a vi. Ela emanava infelicidade. Não olhava para o provável marido, lia um livro, ou fingia que lia, pois durante todo o tempo em que a observei, ela não mudou de pagina, nenhuma vez. Seus olhos de repente desviavam do livro-enfeite e se perdiam num vazio. Ela respirava fundo e se forçava e ler de novo a mesma pagina. Era visível que havia um distanciamento entre os dois. Quem não os tivesse visto chegarem juntos, poderia jurar que eram estranhos, não se falavam.

     Não consegui desviar o olhar daquela mulher. Sua pele branca, seu olhar triste, era como uma vela se apagando. E sua tentativa desesperada de fingir seja lá o que fosse me atraíra a atenção e não seria fácil deixar para lá. Meu coração bateu descompassado, por quê? Por um momento me pareceu que eu a conhecia, mas de onde? Gostei dela, queria ajuda-la de alguma, era obvio que sofria. E num momento que pareceu fora da realidade, seus olhos encontraram os meus. Sei que deveria ter desviado olhar, como qualquer um faria numa situação dessas, mas não pude, seu olhar me enfeitiçou. Seus olhos verdes faiscantes me arrebataram e daquele momento em diante eu soube que jamais seria livre outra vez. Olhava em meus olhos e parecia que iria chorar, então virou o rosto para o livro, quebrando aquele momento. Por que senti tudo isso por ela, uma mulher que eu nunca havia visto na vida? Achoo que essa sim, fora uma obra de Deus.

     Continuei á olhar para ela na esperança de que ela voltasse á olhar para mim para continuarmos com esse flerte ao acaso, mas ela não se moveu até que depois de alguns minutos, o homem dobrasse o jornal e falasse algo em seu ouvido. Ela fechou o livro, colocou dentro de sua bolsa e levantou-se junto com o homem. Deixando-me sozinho com meu desejo, eles se afastaram, caminhando para a rua e de lá seguiram alguns passos, desaparecendo conforme iam se afastando.

     No caminho para minha casa, fiquei pensando nela, á noite quando tentava dormir ela estava em meus pensamentos e quando finalmente consegui dormir, foi com ela que sonhei. Em meu sonho, ela estava acorrentada e implorava para que eu a salvasse. Aquele homem ria, ria porque a tinha totalmente, só para ele. Sonhos são estranhos, mas não tão estranhos quanto as pessoas que sonham.

     Fiquei atordoado. Nunca em minha vida tinha sentido tamanha empatia por uma pessoa totalmente estranha. Aquele olhar melancólico fora para mim como um pedido de ajuda, mas como eu saberia? Talvez nunca mais a visse novamente. E é ai que eu digo que nada acontece por acaso, tudo tem um motivo de ser e o destino, travesso, não tardaria por colocar-me outra vez em seu caminho. Desde aquele dia comecei a sentir um vazio, algo me faltava. Mais tarde eu descobriria que ela havia levado uma parte de mim quando se fora e que eu só estaria inteiro de novo quando a tivesse."

    

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

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Trecho de "Quimérico" , por Natalia de Oliveira


     A primeira coisa que Ethan Downey notou assim que acordou era que havia algo errado. Ainda estava naquele estagio em que se está meio desperto, meio dormindo, não sabendo ao certo se ainda está sonhando, mas com certeza, havia algo errado. Estava com frio, isso foi uma das primeiras coisas que sentiu. Passou a mão no colchão á procura do cobertor, e com estranheza percebeu que não havia cobertor, nem lençol, nem travesseiro, e aquele colchão era estranho, era mole demais, ele tinha um cheiro para lá de esquisito, não sabia o que era, parecia suor misturado com urina e alguma bebida fermentada, definitivamente não era o cheiro do seu colchão, então se mexeu um pouco, e nesse momento sentiu dor, uma dor bem real, então abriu os olhos, despertando de vez.

    O susto inicial durou pouco, dando lugar ao pânico que veio a seguir. Realmente aquela não era sua cama, não era seu quarto, não era sua casa. Era um colchão de espuma velho, fedido, com uma cor que ele não conseguia descrever, jogado no chão de um lugar não menos preocupante, igualmente velho, frio e caindo aos pedaços.

     Com cuidado por causa da dor, colocou-se sentado e olhou em volta, em pânico: estava num quarto de hotel ou pensão bem barato. Sabia disso, mas como sabia disso? Não havia quase nada no quarto, além do colchão, um sofá e uma mesinha de centro caindo aos pedaços, com no mínimo dez garrafas de cerveja e vodca ice. Chutava esse numero, por que não queria contar, pois se contasse, seriam bem mais que dez. Havia muita sujeira: papeis amassados e jogados como se o chão do quarto fosse uma grande lata de lixo, e a julgar pelo cheiro, lixo do banheiro; algumas caixas de pizza com o interior verde de bolor e viu no canto uma coisa peluda se mexendo. Se era um gato ou um rato muito grande, Ethan não queria ficar ali para descobrir. Com muita dificuldade, ele conseguiu se por de pé, agarrando-se na parede, a dor que sentia era no corpo todo, mas principalmente na barriga e no rosto, passou a mão no rosto aonde doía, perto da sobrancelha, e sentiu a mão grudar. Assustado retirou a mão rapidamente e olhou, havia sangue coagulado em sua mão. Horrorizado olhou de novo para o colchão, havia uma roda vermelha aonde devia ter encostado a cabeça.

     - Meu Deus! – sua mão tremeu e ele quase caiu, perdendo momentaneamente as forças das pernas.

     Dando a si mesmo um tempo para se recuperar, foi colocando os pensamentos em ordem, parando para pensar racionalmente: não fazia a menor ideia de onde estava, ou por que estava, como havia ido parar lá, estava obviamente ferido e estava com medo. Olhou outa vez para as garrafas, outra vez recusando-se a conta-las, então uma coisa lhe ocorreu: levou a manga da camisa que usava ao nariz e a cheirou, então com espanto percebeu que o cheiro ruim que sentia vinha dele. Nesse momento sentiu-se enjoado e colocou a mão na boca para não vomitar em si mesmo. Olhou em volta, viu uma porta entreaberta dentro do quarto e de relance viu um vaso sanitário. Com a velocidade que lhe era permitida, correu em direção á ele, escancarando a porta e quase caindo de cara no vaso. Vomitou muito, parecia que não ia parar nunca. Quando terminou, ficou estendido no chão daquele banheiro que conseguia ser mais xexelento que o resto do quarto, sentindo aquele gosto horrível na boca e aquele cheiro azedo no ar, só não vomitava por não ter mais o que vomitar. Com mais dificuldade do que da primeira vez, levantou-se apoiando-se com nojo no vaso e foi apoiando-se no que via e assim chegou á pia. Abriu a torneira e bebeu um pouco de agua, olhou no espelho junto a pia e viu que seu supercilio direito estava cortado e havia outro corte na face esquerda, deixando seu rosto quase totalmente sujo de sangue. Lavou o rosto com agua corrente, lavando bem os cortes e voltou a se olhar no espelho.

     - O que você fez? – disse em voz alta, olhando para o homem de cabelos negros desgrenhados, o olho direito azul e o esquerdo verde e pele muito branca, com as marcas do sangue coagulado se prendendo na linha do couro cabeludo e olheiras roxas refletido no espelho.

     Respirou fundo, pois outra vez sentiu seu estomago embrulhar e virou-se de costas para o espelho, não queria ver mais aquela imagem decadente. Passou a mão tremula no cabelo e saiu cambaleante do banheiro. Olhou o quarto de outro ângulo e viu que na verdade era um pequeno apartamento, uma pequena mureta dividia o lugar com uma cozinha (ou o que deveria ser uma cozinha) com uma geladeira que devia ter a sua idade, um fogão velho e um armário de cozinha de madeira com duas portas penduradas e uma gaveta faltando. Olhou para si mesmo, usava uma calça jeans de lavagem escura, um sapato preto muito brilhante e aparentemente caro e uma camisa que tinha um design de sobreposição nas mangas e na barra, em tons de xadrez roxo e preto. Estranhou, aquela roupa não era dele, não era seu estilo nem de perto, sempre acostumado á se vestir de forma um tanto mais simples. Sentiu uma coisa estranha na nuca e passou a mão, era um pedaço de papel duro, mas estava preso ao tecido. Forçando, ele arrancou o pedaço de papel e viu que era a etiqueta da camisa. Seu look era novo, e se considerasse a marca da loja, era caro.

     Olhou em volta procurando alguma coisa que fosse sua, e caído ao lado do colchão ele encontrou sua carteira, pequena e de couro marrom escuro. Ansioso ele a abriu e lá encontrou sua identidade, seus cartões, pelo menos duzentos dólares em dinheiro, e o mais aterrorizante, as notas das roupas, seu visual havia custado quatro mil dólares.

     - Mas que droga! – disse ele espantado. – Mas como. . .?

     Parou. Não queria pensar nisso agora, não aguentaria pensar nisso agora, não ali. Aquele lugar lhe dava nojo, lhe causa um mal estar, não queria ficar mais nenhum segundo ali. Levantou-se e caminhou na direção da porta de saída do quarto depois de ter certeza que não deixara nada de seu naquele lugar, (na verdade isso se resumia na carteira) e saiu com um único pensamento na cabeça: “Eu te odeio, Nathan!”.