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terça-feira, 15 de outubro de 2013

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Promoção "Desenhando a História"

     Olá Leitores (desenhista) do meu coração!!
     Que tal uma promoção para alegrar a vida??? E dessa vez, a vantagem é seu nome nos créditos da obra!!!!!!

 
 
     Quem ai gosta de livros? E de desenhar? Por que não juntar os dois???
     Os desenhos deverão ser baseados na minha obra Sebastian que vocês já devem conhecer bem  ;)
     O vencedor terá seu desenho postado aqui no blog e  será convidado á criar as ilustrações da obra. O vencedor também terá seu nome acrescentado nos créditos do livro, menção nos agradecimentos e ganhará uma cópia impressa do livro Sebastian já com suas gravuras! Fala sério, só vantagem!!!!
     Para participar da promoção é muito facil!!!!
Regras:
  • Escolha entre os capitulos  1 , 2 , 3 , 4 , 5 , 6 ou 7 para ler e se inspirar;
  • Faça um desenho baseado na cena que você escolheu, que transmita toda a emoção da cena;
  •  O desenho deverá estar assinado pelo criador (medida de segurança);
  • O candidato poderá mandar quantos desenhos quiser;
  • Mande para o email  nat.jrrt@gmail.com com o assunto "Desenhando a História" e o dito desenho em anexo;
  • Coloque aqui embaixo nos comentários as palavras "Adeus Anonimato", seu email, nome de seguidor no facebook e está feito!!
 
Promoção valida até 30/11/2013
 
Corre gente!!!
     

domingo, 28 de julho de 2013

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Mudanças na obra

     Olá Leitores!!!
     Hoje eu venho aqui para dar uma notícia de ultima hora sobre meu livro "Sebastian", que muito me deixou triste, mas talvez essa mudança seja para melhor, quem sabe?
     Para evitar problemas, á partir de hoje, o personagem antes chamado Lucio se chamará agora Luigi. Já fiz a mudança lá no Clube de Autores e estarei mudando aos poucos nos capitulos do livro que eu já postei aqui.
       Como eu disse, é para evitar prolemas, e assim espero que entendem e não se confundam quando virem o nome Luigi na história.
        Belezinha??? Obrigado gente, vcs são demais!!!
     
     

domingo, 7 de julho de 2013

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Sobre os personagens 1 - Chandler Desmont / Sebastian Tomazi

Olá Leitores, aqui vai um pouquinho sobre a obra "Sebastian"
O PERSONAGEM - Chandler é um garoto simples, timido, que tem sua vida virada de cabeça para baixo quando seu pai, Kevin, é brutalmente assassinado por Robert Murphy, o maior criminoso de uma cidade pequena. Não contente, Robert vende Chandler para um mafioso na Italia, onde passa a ser garoto de rua, comendo o pão que o diabo amassou. Ele troca seu nome para Sebastian, tornando-se amargo, rancoroso e frio. A unica coisa que o faz seguir em frente é a promessa feita a si mesmo, de que um dia voltaria a se encontrar com seu algoz, mais forte do que ele, mais poderoso do que ele. E antes que seu tempo terminasse, iria olhar para o corpo sem vida de Robert e iria sorrir.

sexta-feira, 7 de junho de 2013

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"Sebastian" - Capitulo V - Mudanças no destino

Parte II
Capitulo V
"Mudanças no Destino"
 

         Sebastian quase não dormira aquela noite, pensando no que aqueles americanos lhe disseram e em todos os problemas que lhe corroíam a mente e quando conseguiu dormir, teve um sono agitado. Quando acordou de manhã não encontrou Eva a seu lado, ressabiado, levantou-se. De repente um sentimento muito desagradável e familiar tomou conta dele, aquele mesmo sentimento que teve quando seu pai, há muito tempo o deixou sozinho na cozinha de sua antiga casa para nunca mais voltar. Um aperto no seu coração que lhe dizia que algo estava terrivelmente errado.

       Saiu do quarto e começou a chamar por Eva sem obter resposta. Foi abrindo a porta de todos os quartos pelos quais passava, procurando-a, detendo-se então na porta do quarto de Angelo. Com cuidado abriu a porta e viu Eva lá, mexendo nos cabelos negros do filho que dormia profundamente e ao ver o marido ela sorriu. Parecia tudo bem, uma cena normal, mas seu coração sabia que havia algo errado.

       - Eva, está tudo bem? – perguntou preocupado entrando no quarto, pois via que a palidez havia voltado e seus olhos tinham olheiras roxas profundas.

       - Está. – respondeu baixinho.

       Ela estava sentada no chão ao lado da cama, com um ar estranho, meio apagado, como se a vida estivesse se esvaindo dela. Mas como? Ela parecia tão bem antes, tão disposta.

       - Angelo está bem?

       - Claro que está. Eu só queria ficar olhando para ele um pouco. – voltou a olhar para o garoto – Ele é tão bonito, espero que também seja feliz.

       - Ele será. – Sebastian não sabia se foi o jeito com que disse, mas isso de repente lhe pareceu uma despedida.

       - Me promete uma coisa? – disse ela de repente em tom muito sério que causou um calafrio em Sebastian.

       - Qualquer coisa. – sua mão suava.

       - Não fique triste. – essa frase foi como um punhal em seu coração.

       - Não ficar triste, por que diz isso?

       - Por que eu não quero que fique triste, quando chegar a minha hora.     

       - Pára com isso Eva. - disse aproximando-se dela e tocando-a, ela estava fria. – Eva, você tá fria. – ele a pegou no colo e com cuidado a levantou e a carregou nos braços através do quarto. - Vou chamar o Doutor Bennett, você vai ficar bem. – já saiam do quarto de Angelo e andavam pelo corredor em direção ao quarto deles.

       - Não. - disse ela em voz baixa. – Não quero. – disse fazendo Sebastian parar ainda com ela nos braços. – É a minha hora, tá tudo bem, sabíamos que esse dia chegaria.

       - Mas Eva. . . – seus olhos estavam marejados, ela não podia estar partindo assim – Não, não pode me deixar assim.

       - Não vou deixar você, eu vou estar sempre aqui. – ela tocou seu peito. Ele chorava copiosamente. Ela respirou fundo. – Eu não estou com medo. – sua feição era realmente de quem estava em paz – Me sinto tão leve. . .

       Foi a ultima coisa que ela disse. Um silêncio mortal pairou naquele corredor em que Sebastian ainda segurava Eva nos braços, ele não conseguia mais ouvir a respiração dela.

       - Eva. . . - Sebastian chamou sem resposta. – Eva. . . – insistiu, sabendo muito bem que não haveria resposta.

       Eva estava morta.

       Caíra de joelhos no chão, com Eva nos braços, chorando desesperado, abraçando-a como se isso pudesse manter seu espirito no corpo. Perdera aquela que amava, seu anjo havia voltado para o Criador.

       Chorava desesperado, a tristeza corroía ele por dentro. Levantou-se cambaleante, deixando Eva deitada no chão daquele corredor. Estava perdido, zonzo pelo impacto acontecido. Ouviu então passos subindo a escada e viu Luigi e Pietro vindo em sua direção. Eles tinham vindo, como sempre, para irem juntos para o vinhedo e tinham ouvido o choro desesperado de Sebastian lá da sala e subiram correndo aflitos e se depararam com essa cena: Sebastian chorando desesperado andando para lá e para cá e Eva no chão.

       - Ela morreu. . . - disse com dificuldade caindo de joelhos no chão outra vez – Ela morreu. . .

       Os irmãos se entreolharam chocados e se aproximaram dele. Luigi abraçou Sebastian e com a cabeça fez sinal para que Pietro verificasse se Eva estava mesmo morta, enquanto ele o levantava do chão e caminhava com ele para o quarto do casal.

       - Ela se foi, Luigi. . . – soluçava enquanto o irmão o abraçava tentando acalmá-lo.

       - Sebastian. . . eu. . .

       Logo depois, Pietro apareceu na porta do quarto e com a cabeça fez um sinal afirmativo, confirmando a triste realidade.

       - Eu sinto muito, Sebastian. – disse Luigi ao mesmo tempo em que o irmão se aproximava e colocava a mão no ombro de Sebastian, num gesto terno. Nunca mais nada seria o mesmo

 

       Dois meses haviam se passado desde a morte de Eva e nesse tempo, os gêmeos notavam um ar perturbador em Sebastian. Um ar meio desligado, meio sonâmbulo, estranho, como era aquele rapaz que Eva havia encontrado na frente de certa lanchonete, anos atrás. E naquele dia em especial esse ar desligado estava pior do que antes, pois o testamento de Eva havia sido lido naquela manhã, revelando Sebastian e Angelo sendo os herdeiros de uma grande fortuna. Eva era rica, isso se sabia, boa parte de seu dinheiro era fruto de seu próprio trabalho, em anos á frente do vinhedo. A outra parte, bem maior, era o que havia herdado de seus pais. Nunca soube o que fazer com tanto dinheiro, por isso deixou o parado em uma conta. Agora, inesperadamente Sebastian e Angelo eram milionários. Angelo não sabia ainda que sua mãe havia morrido. Como a criança de quatro anos que era, achava que Eva estava em alguma viagem misteriosa e com essa versão da historia ele ficaria até que tivesse idade para entender oque acontecera.

        Os irmãos Tomazi resolveram passar um tempo no casarão, para ajudar Sebastian a cuidar de Angelo e para animar o amigo que parecia estar entrando em depressão.

       Sebastian estava sentado num banco de madeira antiga mas boa, na varanda do casarão, sozinho, enrolado num cobertor. Aquele era um dia frio, afinal estavam no final do outono, logo chegaria o inverno e ventava muito por aqueles lados. Estava quieto, apenas olhando para o nada, pensando em varias coisas. Isso não era justo! Será que nunca seria feliz? Será que todas as pessoas que amava tinham que acabar sete palmos abaixo da terra? Não era justo!

       Os irmãos, juntamente com a babá de Angelo, observavam-no do lado de dentro através da janela de vidro da sala.

       - Ele está lá desde que o tabelião foi embora. – comentou a babá Sophia – Já fui lá duas vezes para perguntar se ele queria alguma coisa e ele só me ignorou, continuou calado, olhando pro nada. – seguiu-se um silêncio – Será que ele está bem?

       - É o que vamos descobrir. – Luigi disse caminhando através da sala em direção á porta, chamando a atenção de Pietro.

       - Ei, Luigi! – Pietro correu até ele, segurando-o pelo braço, interrompendo-o. – O que está fazendo?

       - Vou ver o que ele tem. – disse naturalmente confuso com a atitude do irmão.

       - Não parou para pensar que talvez ele precise de um momento sozinho? Dá uma folga, ele só está triste.

       - Você não reparou na cara dele? É a mesma cara que ele tinha quando. . .  – hesitou – E se ele estiver pensando em voltar a usar aquelas porcarias? E se já estiver usando?

       - Nós não conseguimos fazê-lo parar naquela época, o que o leva a pensar que conseguiríamos agora? – Pietro objetou.

       - Poderíamos tentar pelo menos. – disse sério – Agora ele tem uma vida, um filho, um futuro pela frente. Antes ele não tinha nada disso. – revoltava-se – Em respeito á memoria de Eva, não vou deixar que todo o trabalho que ela teve para endireitar esse filho da mãe vá pelo ralo. – afastou-se e ia em direção á porta outra vez.

       - Em respeito á memoria de Eva, vá mais devagar, irmão.  – Pietro jogou a indireta venenosa – Ainda estamos de luto, lembra?

       - O que? – virou-se ao ouvir a apunhalada – Se tem algo para dizer, irmão, diga logo. Eu estou farto das suas indiretas. – aproximou-se com ar visivelmente irritado.

       - Sabe muito bem oque eu quis dizer. – disse com sarcasmo, provocando-o.

       E Luigi realmente sabia, e isso lhe doía, no coração. Essa era sua única fraqueza e era triste ver que seu irmão o provocava desse jeito.

       - Eu tenho sim respeito por Eva, eu a admirava. Foi por causa dela que deixamos aquela vida horrível, e você sabe que eu nunca. . .  – hesitou – Ele é meu amigo.

       - Mas bem que você queria que isso fosse diferente. – Pietro disse direto dessa vez. – Acorda Luigi, isso não vai acontecer.

        Luigi lançou lhe um olhar de surpresa e desapontamento tão forte que fez Pietro se arrepender do que disse.

       - Vou fingir que você não disse isso. – disse sério e com a voz pesada – Tenho que cuidar de um amigo agora.

       Virou-se, respirou fundo para se controlar depois dessa conversa e voltou a caminhar na direção da porta de vidro da varanda. Pietro sentiu-se mal por ter dito aquelas coisas. Isso era um assunto apenas de Luigi, historia antiga, que não lhe dizia respeito. Odiava discutir com o irmão, então o seguiu.

       Do lado de fora os rapazes foram surpreendidos por um vento gelado, arrepiando lhes os pelinhos dos braços pois estavam só de camiseta. Devagar e com cuidado, aproximaram-se do banco em que Sebastian estava sentado, jazendo quieto como uma pedra.

       - Sebastian, - começou Luigi – vamos entrar, está frio, vai acabar pegando uma gripe se ficar aqui pegando esse vento. – o amigo continuava absorto em seus pensamentos.

       Ao ver que a coisa era realmente seria, Luigi sentou-se ao seu lado no banco.

       - Como você está? – ele perguntou colocando a mão em seu ombro.

       - Como acha que eu estou? – respondeu ríspido depois de tanto silêncio, deixando Luigi intimamente alegre por ter arrancado alguma reação do amigo, bruta que fosse.

       - Sebastian, você não pode deixar se abater assim. – tentava animá-lo. – Angelo ainda tem o pai, ele precisa de você. E você tem seus irmãos aqui, pode desabafar.

       Seguiu-se um momento de silêncio sepulcral entre os três naquela tarde fria. Sebastian parecia estar decidindo se ia falar ou não, deixando-os apreensivos, mas por fim respirou fundo e começou, sem ao menos levantar a cabeça para encará-los.

       - Eu fiquei aqui, esse tempo todo, pensando em tudo o que me aconteceu. – disse serio – Uma vez eu disse para Eva que nós mesmos fazíamos o nosso final. Ela por outro lado acreditava em destino, Deus, ou qualquer outro nome que queiram dar a isso. Sabem o que ele é? Eu vou dizer, não passa de uma criança sádica brincando com a gente como se fossemos soldadinhos de chumbo.  E eu estou cansado de esperar que ele se canse de mim ou que ele me faça justiça, enquanto arranca de mim as pessoas que eu amo.

       - Do que está falando? – Pietro perguntou desconfiado.

       - Eu tentei, eu juro que tentei não me perder, mas parecia sempre que tinha alguma coisa me puxando á isso. Eu lutei, tentei ser bom, talvez assim coisas boas viessem, mas não tem jeito. Parece que quanto mais eu tento me afastar dessa caminho, mais o destino me chuta. Ele quer que eu jogue o joguinho dele? Então eu vou jogar.

       - Como assim?

       - Robert Murphy. – disse por entre os dentes.

       Os irmãos se entreolharam assustados, conheciam a história de Sebastian e sabiam mais ainda que ele nunca tocava no nome dele daquele jeito, nem nos seus piores dias.

       - Eu prometi ao destino que voltaria a encontra-lo. Está na hora de cumprir minha promessa. – disse com sarcasmo.

       - Sebastian, você não tinha desistido desse historia de vingança? – Luigi perguntou olhando desconfiado para Pietro.

       - Tinha. – ele respondeu meio disperso - Ela que não desiste de mim. Vou voltar para minha terra, vou encontra-lo e vou fazer justiça. – disse determinado – Mas preciso da ajuda de vocês dois. – disse virando-se e encarando os irmãos – Me ajudarão?

       - Sim. – Pietro disse sem pensar. – é claro que vamos com você, irmão.

       - Mais do que ninguém a gente sabe o quanto você sofreu por causa dele. – disse Luigi serio. – Você tem certeza que é isso mesmo que quer? Uma vez começado, não tem volta.

       - Tenho. – disse enfático.

       - Então eu vou. – disse Luigi. – Mas o que tem em mente?

       - Vou destruí-lo. – disse muito calmo. – Quero que ele sofra. Quero que ele saiba o que “desespero” significa. Ele vai pagar por cada lagrima derramada, por cada noite não dormida, por cada gota de sangue que derramou do meu pai. Vou acabar com ele, e não vou ter piedade.

      Ele nunca o tinha visto assim com tanto ódio a sede de vingança cegando-o. Demonstrava uma parte dele que nunca tinha visto, diabolicamente astuta, perigosa, mas não lhe tiravam a razão. Sebastian era seu amigo, seu irmão, na época das ruas ele o ajudara de varias formas, pelas quais era grato até hoje. Não negaria esse favor ao amigo, pois sabia que faria o mesmo se os papéis se invertessem.

sexta-feira, 19 de abril de 2013

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Baixe agora os meus livros, tá facil!!!


     Olá Leitores do meu coração!!!!!
     Como muita gente está me perguntando como conseguir meus livros, agora ficou mais do que facil!!!
     Os dois, "Sebastian" e "Uma carona no escuro" estão disponiveis agora no Recanto das Letras, para baixar, totalmente facil e free. Baixe agora uma cópia pdf dos livros clicando nas imagens correspondentes ao livro que você quer.

                                    Baixe o livro Baixe o livro

     Depois, comentem o que acharam da ideia e dos livros.
    Beijussss!!!!!!!!!!

sexta-feira, 29 de março de 2013

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Capitulo IV - "Enterrando o passado"

Parte II
Capitulo IV
"Enterrando o Passado"
 

        2000


        O dia amanheceu nublado e frio, como de costume. Sebastian acordara, mas não queria abrir os olhos, tentando agarrar-se ainda ao sonho bom que tivera há pouco. Em seu sonho Eva estava curada e bem. Foi um bom sonho, mas tinha que se levantar. Sebastian dormira com Angelo por que a criança estava com dor de garganta e foi um sacrifício fazê-lo dormir. Levantou-se devagar para não acordar Angelo que dormia em paz, alheio a ideia de que sua mãe estava doente. Beijou-lhe a testa e saiu do quarto devagar em direção ao seu.

        Ao entrar em seu quarto, viu que Eva ainda dormia. Parecia em paz, porém diferente. Seus cabelos negros que antes eram compridos agora eram curtíssimos por causa do tratamento e a palidez de sua pele davam-lhe um ar mais abatido. O quarto era grande e caloroso antes, mas agora tinha o aspecto de um quarto de hospital, com remédios no criado mudo. A pior parte era que estava se acostumando com isso.

       Sebastian olhava pela janela a grande colina que eram as terras de Eva. Uma grande extensão verde e bem além, a plantação de uva. Colocava a camisa depois de ter tomado um banho rápido, abotoando os últimos botões, preparando-se para o dia que ia enfrentar. Eram tantas as coisas que tinha que fazer: tinha tratar da venda de vinhos para a Espanha, tinha a reunião com os fornecedores e tinha que entrar em contato com um médico novo em Roma. Iria ser um dia cheio.

       Pegou a gravata em cima da cama e dirigiu-se até o espelho para colocá-la. Nesse momento parou, observando o homem á sua frente refletido no espelho. Há alguns anos, quem diria que ele estaria dando nó numa gravata para trabalhar em algo honesto, ele e seus irmãos. Devia tudo isso á Eva. Tentar curá-la era o mínimo que podia fazer para recompensá-la.

       - Angelo melhorou? – Sebastian ouviu uma voz feminina meio sonolenta ainda atrás dele.

       - Um pouco. – ele respondeu sorrindo ao virar-se.

       Eva estava sentada, recostada nos travesseiros, esfregando os olhos e bocejando. Ela passou a mão nos cabelos curtos ajeitando-os displicentemente, era a única coisa que dava para fazer com eles no tamanho que estavam. Com aperto no coração, Sebastian lembrou-se que podia ficar horas enrolando os dedos nos cabelos dela.

       - Bom dia, amor. – Sebastian disse aproximando-se e beijou-a profundamente.

       - Meu dia fica bem melhor quando começa assim. – disse ela animada.

       - Então deixe-me caprichar.

       Beijavam-se intensamente, entregues ao momento, por um instante esquecendo-se do mundo lá fora, da doença, de tudo o que o preocupava. Então Sebastian parou e olhou naqueles olhos dourados de Eva. Ela havia se tornado a dona de seu coração, a amava, e não podia acreditar que a estava perdendo, não daquele jeito. Afastou-se dela e desviou o olhar deixando-a confusa. Para disfarçar, ele voltou a mexer na gravata.

       - O que foi? – Eva disse confusa.

       - Nada. – não a encarava. – Eu tenho muita coisa para fazer hoje ainda e. . .

       - Não precisa fingir que está tudo bem pra me fazer sentir melhor. – ela disse com voz pesada. – Nunca mentimos um para o outro, não comece agora. – disse fazendo ele sentir-se mal.

       - O que quer que eu diga? Que eu tenho medo? – disse alterando-se. – Que eu passo noites sem dormir, prestando atenção se você está respirando? Que eu tenho que me segurar pra não chorar toda vez que Angelo chama você ou pergunta por que não pode brincar com você.

       - Ah querido. . . – disse enternecida se aproximando.

       - Eu não posso perder você. – Sebastian disse com os olhos marejados.

       - Não vai me perder. – ela o abraçou por trás e ele suspirou.

       - Te salvei uma vez, vou te salvar de novo. – disse determinado.

       - Você já me salvou, e não tô falando do afogamento. – sorria.

       Sebastian virou-se, beijou-lhe a testa e levantou-se. Pegou seu paletó cinza e sua maleta que estavam na poltrona e despediu-se antes de sair do quarto. Abriu a porta fechando-a atrás de si e ficou parado ali durante um tempo. Sempre ficava abalado quando tocava nesse assunto. A amava, e era doloroso demais vê-la a cada dia mais doente, não suportaria se. . . não, não queria pensar nisso, tinha que ter fé.

       Desceu a escada para o primeiro andar daquele casarão. Depois do casamento, Eva insistiu que deviam ficar na casa dela que era maior, bem maior. Caminhou para a sala, não estava com fome para tomar café da manhã. Lá se deparou com Luigi e Pietro, que tinham passado lá para irem todos juntos ao vinhedo. Também estavam irreconhecíveis de terno.

       - Oque fazem aqui tão cedo? – Sebastian perguntou surpreso.

       - Pietro tirou a carta. – disse Luigi por entre os dentes atrás do irmão.

       - Finalmente. – respondeu Sebastian.

       - Depois de cinco tentativas, consegui. – disse Pietro com uma alegria quase infantil. – Agora posso dirigir o carro do Luigi e faço questão de levar todo mundo para o escritório. – Luigi atrás dele disfarçava um olhar apavorado.

       - Tem certeza? Não acha melhor treinar um pouco com seu irmão? – Sebastian disse se segurando para não rir.

       - Que nada! Eu vim dirigindo de casa até aqui, pergunta pro Luigi, eu arrebento no volante. - disse indo em direção á porta, deixando os dois para trás.

       - É, literalmente, ele arrebenta. – Luigi sussurrou inconformado para o amigo.

       Sebastian sorriu. As peripécias de Pietro sempre o alegravam e sorriu também quando viu Luigi fazer o sinal da cruz antes de entrar no carro que seria conduzido por Pietro.

        Por incrível que pareça, chegaram todos vivos ao vinhedo. A reunião com os fornecedores fora exaustiva, eles queriam reajustar os preços ao saberem que o vinhedo estava pretendendo exportar para países fora da Europa. Abutres, é o que eram. Sebastian estava sentado á mesa de sua sala, ruminando as decisões da reunião. Achava que tinha conseguido um bom acordo. Em sua juventude não imaginava que aos trinta anos estaria dirigindo um dos maiores fabricantes de vinho da Itália. Fazia essas considerações quando Violeta, sua secretaria, bateu á sua porta.

       - Sr. Tomazi, - ela disse devagar. – Os americanos estão ai de novo.

       - De novo? – disse desanimado.

       - Devo mandá-los voltar outro dia?

       - Mande-os embora. – disse veemente. Ela ia saindo quando mudou de ideia. – Quer saber, mande-os entrar. Eu mesmo vou despacha-los.

       Violeta saiu, momentos depois os dois americanos entraram, felizes por serem recebidos. Um era moreno, cabelo muito curto quase grisalho, usava um terno cinza e se chamava Chester Hill.  O outro, mais jovem, era loiro, usava um terno azul escuro, era Michael Smith, ambos os sujeitos desagradáveis, cada um carregando uma pasta. Já fazia um tempo que esses dois corretores queriam vender-lhe fazendas nos Estados Unidos, uma situação que já estava ficando chata, por que Sebastian não queria saber disso e a insistência dos corretores já tinha evoluído de irritante para insuportável.

       - Boa tarde, Sr. Tomazi. – Chester disse sorridente.

       - Boa tarde, cavalheiros. – Sebastian respondeu em inglês, usando sua língua mãe pela primeira vez depois de muito tempo. – Sentem-se.

         Os corretores obedeceram, sentando-se á frente do empresário.

       - Gentileza sua nos receber sem hora marcada. – Michael disse educadamente.

       - Eu os recebi por que eu queria deixar uma coisa bem clara: não estou interessado em suas fazendas.

       - Pode ser um bom negócio, pense bem.

       - Há ótimas propriedades no Texas.

       - Não quero ser grosseiro, mas a proposta não me atrai. – tentava fazê-los entender. – O clima do Texas não é bom para as minhas uvas.

       - Para as uvas pode ser, mas nunca pensou em expandir seus negócios? – Chester abriu a maleta e retirou uma apresentação da proposta por escrito. – Verá que a criação de gado é uma área que vem crescendo. – entregou os papéis á Sebastian que os pegara com notável desdém.

       - Estas fazendas estão sendo vendidas de porteira fechada, sabe o que quer dizer? Com a casa, os móveis, o gado, os funcionários, tudo. Uma fazenda desse tamanho, com tudo isso, pelo preço que está é um ótimo negócio, quase de graça.

       - Temos fazendas em Dallas, Houston, Austin, Aaron River. . .

       - Oque? – disse Sebastian cortando o corretor, sendo pego de surpresa ao ouvir o nome da cidade que á muito tempo não ouvia.

       - Dallas, Houston, Austin e Aaron River.

       Isso não era possível. Será que seu passado teimava em persegui-lo? Será que nunca teria paz? Os corretores perceberam que o empresário ficara estranhamente abalado.

       - O senhor está bem? – perguntaram desconfiados.

       - Não, não estou. – foi tudo o que ele conseguiu dizer.

       - Bem, acho melhor voltarmos outro dia, quando estiver se sentindo melhor. – levantaram-se.

       - Ligue-nos se decidir qualquer coisa. Nosso numero está nos papéis. Boa tarde.

       Afastaram-se e iam saindo quando trombaram com Luigi e Pietro ao abrirem a porta e depois de pedidos de desculpas de todos, os corretores se foram e os gêmeos entraram, deparando-se com Sebastian visivelmente abalado.

      - Tudo bem? – Luigi perguntou preocupado.

      - O que aconteceu? – Pietro completou. – O que esses caras queriam?

       - Me vender fazendas. – disse com o olhar vago, fazendo os irmãos se entreolharem confusos.

       - E por isso você está com essa cara? Onde que era essa fazenda, no polo norte? – Pietro jamais fora sensível.

       - No inferno. – disse com a voz pesada e olhou para os irmãos. – Em Aaron River.

       Isso não podia ser coincidência, era obra do destino. Como aparecia de repente alguém vendendo propriedades para ele, justo em Aaron River, sua terra? Palco de acontecimentos tão sofridos em sua vida. Não. Iria mandar aqueles corretores para o quinto dos infernos, não queria nada com aquela cidade, nada!

       Sebastian passara o resto do dia aflito pela conversa com os corretores e com dificuldade foi cumprindo suas tarefas no vinhedo. Durante o caminho de volta para casa tentou acalmar-se. Não queria parecer nervoso na frente de Eva, ainda mais porque o medico com quem conversara lhe dera esperança. Eva, essa sim era sua prioridade. “Que se danem meus fantasmas.” pensou.

       Quando chegou em casa, Sebastian deparou-se com Angelo brincando com a babá Sophia na sala, escondendo-se atrás do sofá. Quando viu o pai, o garotinho veio correndo em sua direção com os braços abertos e um sorriso do tamanho do mundo. Ah, como o amava. Pegou-o nos braços e o abraçou apertado, ao que parecia, a garganta dele havia melhorado.

       - Oi papai. – disse Angelo.

       - Oi filhote! Estava brincando de que? – Sebastian disse terno.

       - Esconde-esconde. – sorriu.

       - Mesmo? – ele olhou em volta - E onde está a mamãe?

       - Na cozinha. – sussurrou no ouvido do pai.

       Olhou bem para o menino em seus braços. Era um menino bem esperto para os seus quatro anos, realmente muito parecido com o pai, com seus belos olhos verdes vivos. Toda vez que o via assim, alegre e brincando, rezava para que ele nunca tivesse que passar pelas mesmas coisas que passou.

       - Eu vou lá falar com a mamãe, - o colocara no chão. – continua brincando com a babá.

       - Tá bom, mas o tio Pietro brinca melhor.

       Sebastian riu da sinceridade da criança antes de afastar-se e dirigir-se á cozinha. De lá vinha um aroma muito bom, que há muito tempo não sentia. Abriu a porta da cozinha e deparou-se com uma cena que ficaria guardada na memória: Eva, usando calça jeans, um suéter marrom com detalhes bege e um avental, na beira do fogão, mexendo um molho de tomate que parecia delicioso. Ela parecia tão bem, a palidez habitual sumira, estava corada, ficou parado lá observando sem que ela notasse, lembrando-se da época antes da doença. Era tudo igual, a única diferença era o cabelo curtíssimo. Por um momento parecia que ela nunca havia estado doente, que os últimos tempos foram na verdade um pesadelo ruim, distante, á muito deixado para trás.

       - Deixa-me adivinhar, está fazendo lasanha? – disse denunciando sua presença.

       - Oi querido! – ela se aproximou e o beijou. – Acertou, estou fazendo lasanha.

       - Nossa, o que aconteceu com você? – disse impressionado.

       - O dia foi passando, fui me sentindo bem, e ficar na cama o tempo todo é muito chato. Brinquei com Angelo o dia inteiro. Nossa, como ele é hiperativo. – voltou a mexer o molho.

       - Eu acho ótimo você estar se sentindo melhor, só não abusa. – ele disse com um ar estranho.

       - Como assim? – disse em tom meio ofendido.

       - Ah, só não quero que se exagere. Esse é um filme que já vimos antes. – disse ele sério.

       Ela virou-se para ele encarando-o.

       - Eu estou me sentindo ótima. Ia ajudar um pouco alegria da sua parte. – disse emburrada voltando-se outra vez para o molho.

       - Me desculpa. – disse ele aproximando-se e abraçando ela por trás. – Eu tive um dia cheio, não liga pra mim. – ele beijou-lhe a nuca, sentindo o cheiro do cabelo dela, aquele cheiro bom de fruta do shampoo que ela usava.

       - Como foi a reunião com os fornecedores?

       - Não foi tão ruim quanto um enforcamento, mas eles se esforçaram. – ele brincou.

       - E o que mais?- estava interessada.

       - Não quero falar sobre isso. – disse inquieto, afastando-se.

       - Os americanos foram lá de novo?

       - Foram. – ele respondeu pesadamente.

       - E por que você se incomoda tanto com eles? – não entendia.

       - Por que qualquer ligação com aquele lugar me faz mal. – desabafou – Eles queriam me vender uma fazenda em Aaron River, onde tudo aconteceu.

       - Não quer voltar para lá, para sua terra? – perguntou.

       - Nunca mais. – negou logo. – Por que eu sei, se eu voltar, a primeira coisa que eu vou fazer é procurar aquele. . . – conteve-se – aquele homem, e eu não quero isso.

      - E a sua “vingança”?

      - Talvez, quando eu ainda estava perdido, nas ruas. – ele meneou a cabeça - Mas agora tenho você e Angelo e não vou por tudo á perder. - disse sério.

       - Não sabe como isso me deixa feliz! – ela o abraçou. – Não sabe o quanto eu rezei para que você acalmasse seu coração e não pensasse mais nisso, neles.

       - Você me ensinou a ser melhor.

       Sebastian a abraçava como se Eva fosse a única coisa que pudesse espantar seus medos do passado e lhe trazer paz. Mas Eva sabia que lá no fundo, ele não estava em paz. Só estaria quando acertasse as coisas.

segunda-feira, 18 de março de 2013

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Sobre os personagens

Olá leitores!
Eu sei que esse post é bem bobinho, mas eu quis compartilhar isso com vocês.
As vezes, quando lemos ou escrevemos um livro, imaginamos os personagens como atores que conhecemos, as vezes independende da descrição já existente. Principalmente quando escreveo, faço muito isso, buscando também traços de personalidade, então tudo combina.
 
 
Eu sei que seria pedir muito um elenco assim, (afinal, quem sou eu) mas essa é uma montagem que eu fiz com os rostos que eu tinha em mente quando escrevi "Sebastian".
 Para os que já leram, vão ler, ou estão querendo ler pois tem ...muitos capitulos disponiveis no blog, isso aqui pode dar uma ideia de como
os personagens são, além da descrição obvia.
Se bem que um filme do meu livro com esse atores iria ficar perfeito.
kkkkk ó eu viajando.
E vocês, leitores, também fazem isso?

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

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Entrevista concedida ao blog "Resenhas Teen"

Olá Leitores!
Create your own banner at mybannermaker.com!Que animação, minha primeira entrevista! uhuhu to ficando famosa kkkkk.
Essa entrevista foi consedida ao blog "Resenhas Teen" , para a Blogueira Naylane Sartor. Na verdade, essa entrevista também será publicada no blog "Resenhas Teen", mas em julho.
Vamos lá?





Resenhas Teen - Conte-nos um pouco sobre você? Sua formação, em que você trabalha, quais são seus hobbies?
Natalia de Oliveira – Bom, Literatura é a minha paixão. Espero que dentro em breve eu possa estar cursando essa matéria que eu amo tanto. Meus hobbies, claro, envolvem livros. Gosto de escrever, de ler um bom livro e quando posso, prefiro assistir peças de teatro do que ver filmes. Tenho um blog onde dou dicas e faço criticas á algumas obras, essa tem sido uma experiência bem legal.

Resenhas Teen - De onde surgiu a motivação para querer ser escritor?

quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

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"Sebastian" - Resenha

Olá Leitores!
Como ficaria muito estranho (e suspeito) que eu resenhasse meu proprio livro, essa é a resenha que uma amiga minha a Paola (valeu amiga!) fez e me mandou por email, vou postar do jeitinho que ela me mandou! ;)

Resenha de "Sebastian" da autora Natalia de Oliveira
Uma breve sinopse:
Aaron River é uma cidadezinha pequena, com pessoas simples e normais, mas subjulgada por um bandido, Robert Murphy. Ele tem uma espécie de obsessão pela familia de Kevin Desmont, sempre arranjando pretextos para brigas e durante uma dessas brigas, Robert mata Kevin covardemente na frente do filho dele, Chandler, que tem uma queda pela filha de Robert.
Para encobrir seus rastros, ele toca fogo na casa e vende o menino como escravo, e ele se torna garoto de programa em Napoles, comendo o pão que o diabo amassou.
Ele muda seu nome para Sebastian, para tentar esquecer o passado, cresce, se torna frio, arrogante, cheio de ódio, e promete que vai voltar um dia para se vingar. Mas como se era um escravo???
Ele conhece Eva, uma herdeira rica, que se casa com ele e morre logo depois, deixando ele com mais dinheiro do que ele pode contar, e sua primeira reação (claro) é voltar para sua terra e se vingar. (desculpa pelo spoiler).

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

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"Sebastian" parte II, Cap III

Parte II
Capitulo III
"Breve tempo de paz"
 
       Nem é preciso dizer que começava uma nova fase na vida de Sebastian. Tudo parecia ter mais vida, as cores eram mais vibrantes, os sons eram tão melodiosos e o ar mais limpo. Tudo era diferente, agora que era livre.

       As boas ações de Eva não terminaram por ai. Aquele anjo havia arranjado emprego para os três amigos em seu vinhedo na parte administrativa, o que possibilitou que pudessem alugar um apartamento modesto por lá mesmo no centro, nada muito grande, apenas o suficiente para terem a consciência limpa sabendo que tinham um trabalho decente e um teto sobre suas cabeças, e isso não tinha preço.

       Sebastian trabalhava muito para não desmerecer a fé que Eva colocava nele. Em pouco tempo ele deixara as drogas e esforçava-se para aprender tudo o que lhe era ensinado. Eva o modificou de tal maneira que nem Luigi e Pietro o teriam reconhecido se não tivessem visto e participado da mudança. Eva o refinou, o ensinou boa maneiras, á falar direito e como se portar. Ninguém que o visse diria que um dia ele fora garoto de rua. Ele era, como ela gostava de dizer, seu diamante lapidado.

       Quando Sebastian começou a trabalhar no vinhedo, precisou de documentos, coisa que ele não tinha e Eva fez questão de providenciar. Digamos que essa era a chance de Sebastian enterrar de uma vez por todas seu passado, deixando o nome de Chandler na escuridão para sempre. Para todos os efeitos, era um cidadão italiano com identidade, seguro saúde e tudo mais. Porém ainda não tinha um sobrenome. Mas não foi difícil pensar em um. Chamava-se Sebastian Tomazi agora. Luigi e Pietro não eram seus irmãos no coração somente, mas no papel também.

       Eva e Sebastian passavam muito tempo juntos, afinal, eram dois solitários que de certa forma se completavam. Não demorou muito o inevitável aconteceu: Eva apaixonou-se por Sebastian. Na verdade Eva havia se apaixonado por ele anos antes, quando abriu os olhos numa praia ao por do sol e a proximidade só fez esse sentimento aumentar.

       Porém Sebastian não compartilhava desse sentimento. Eva sabia que ele só a via como uma mulher incrível, uma grande amiga, mas só. Embora o visse sorrir, embora visse toda a mudança para melhor que aconteceu nele, Eva podia sentir só de olhar para ele que seu coração estava dilacerado e que nunca mais iria se curar. Ainda havia muito ódio dentro dele o envenenando, mas nem por isso ela desistiu.

       Aos poucos o relacionamento dos dois foi evoluindo, muito devagar, como namoro antigo. Ele não iria tomar nenhuma iniciativa, isso ela percebeu logo de cara, por isso ela meio que foi preparando o terreno. Começaram com olhares furtivos e sorrisos escondidos no vinhedo; mãos dadas quando estavam juntos em momentos de descontração; beijos de boa noite quando ele a deixava em casa e coisas assim. Nada muito afogueado, aliás, para Eva era devagar quase parando. Ele nunca tentava nada com ela, pelo contrario, ele a repelia ás vezes, se a coisa começava a esquentar.

       Um dia, quando Eva o deixou em casa depois do trabalho, ela ficou ainda um bom tempo no apartamento dele, jantara e jogara conversa fora com Sebastian e os gêmeos. Quando ela olhou para o relógio e viu o quão tarde era, Sebastian a levou até porta.

       - Boa noite. – Eva disse ajeitando a bolsa no ombro já do lado de fora.

       - Boa noite. – Sebastian disse com um sorriso – Amanhã Luigi vai preparar o jantar, vai ser melhor do que a gororoba do Pietro, eu prometo.

       - Que isso, não estava tão ruim. – ela disse condescendente, recebendo em troca um olhar incrédulo de Sebastian – Tá bom, estava, mas não diga isso á ele. – ela sorriu. – Já vou.

        Ela se aproximou dele, na intenção de beijá-lo, porem, ele se esquivou virando o rosto. Ela parou e ficou olhando para ele que desviava o olhar.

       - Nossa. – ela ponderou se afastando.

       - Eu preciso de um tempo. Só isso. – ele disse.

       - Eu sei. – ela sorriu - Eu espero por você o tempo que for.

        Ela beijou seu rosto e foi embora, decida á não desistir tão fácil dele.

 

        Estavam os dois no sofá certa noite, vendo um filme na TV. Estava frio e os dois estavam aconchegados embaixo de um edredom, comendo pipoca como crianças. De vez em quando, uma ou outra pipoca voava pela sala, seguida de vários risos. Foi mais ou menos na metade do filme que Sebastian percebeu que Eva havia parado de prestar atenção á TV e o estava encarando.

       - O que foi? - Disse ele sem tirar os olhos do filme, que estava achando hilário.

       - Nada. – disse ela com voz macia.

       Sebastian olhou para ela e ela continuava encarando. Decidiu que ia continuar a assistir o filme, Eva tinha essa mania de ficar encarando mesmo. Até que sentiu que ela se aconchegou mais á ele, encostando os lábios no seu pescoço e sem aviso, Eva o beijou. Sebastian se mexeu um pouco e ela se afastou um segundo, ela sabia que ele não gostava dessas coisas, mas ela voltou a beijar o pescoço dele com profundidade. Dessa vez parecendo realmente incomodado, se contorceu e sua respiração ficou descompassada.

       - Eva, o que esta fazendo? – disse com a voz trêmula.

       - Não consegue adivinhar? – respondeu com os lábios colados á pele quente dele.

       Então Eva intensificou as carícias, explorando o peito dele com a mão embaixo do edredom. Sebastian se mexeu mais, tentando afastá-la, mas Eva não se daria por vencida tão facilmente.

       - Eva. . . – tentou dizer, mas Eva o calou com um beijo nos lábios, profundo, como nunca haviam se beijado antes.

       Eva o queria demais e ignorando que ele respirava descompassadamente e se contorcia ao seu toque, visivelmente incomodado, ela se ajeitava em cima dele para ter total controle sobre ele.

       Ela continuava a doce tortura, revezando entre os lábios e o pescoço dele. Sem aviso, ela desabotoara devagar a camisa de Sebastian, beijando seu peito a cada botão desabotoado. Ele se contorcia ao toque suave dela, gemendo baixinho, até que ela chegou ao botão da calça dele.

       - Não. . .  – sua voz saiu suplicante dessa vez fazendo Eva parar e olhar em seus olhos – Eva, eu não consigo, eu não. . .

       - Sebastian, eu não vou te machucar, jamais faria isso. Mas eu quero você, tanto. – ela o beijou outra vez e os dois se olharam. – Confia em mim.

       Dizendo isso, Eva montou sobre Sebastian que tremia. Tateando, Eva encontrou o fecho da calça de Sebastian e nesse momento ele gemeu. Com demasiada delicadeza, ela o tocava sentindo-o estremecer. Sebastian fechava os olhos e gemia, mas não lutava mais, apenas se deixava ser tocado e beijado. E quando Eva percebeu que ele estava totalmente entregue e sem defesas, uniram-se, e ele abafou um gemido.

       - Está tudo bem, relaxa.

       Por um momento só ficaram parados, ela meio que deixando que ele se acalmasse, até que ela começou a se mexer sobre ele. Eram movimentos lentos, mas precisos, Eva se esforçava para dar o máximo de prazer á ele que nunca sentira nada igual, e então ela intensificou os movimentos á medida que ele parecia mais a vontade. Pela primeira vez, Sebastian sentiu prazer no ato sexual, levando em conta até então só havia praticado á força ou sendo pago, pelos tipos mais nojentos de pessoas. Digamos que foi como perder a virgindade, mas do jeito certo.

        Foi com jeitinho e de pouco em pouco que Eva conseguiu ir quebrando a redoma que Sebastian havia construído em torno de si. Foi necessário muito, mas muito carinho para que Sebastian pudesse abrir seu coração para esse novo sentimento. Não era amor como o dela, era algo diferente. Era respeito, admiração, um grande carinho, além do fato de Eva fazê-lo sentir-se bem apenas com sua presença. Começaram então a namorar no verão de mil novecentos e noventa e quatro.

        Um dia, estavam os dois na cama, depois de terem feito amor. Estavam os dois abraçados, vendo a chuva cair lá fora através do vidro da janela do quarto de Eva, num momento de felicidade que guardariam na memória para o resto da vida, quando do nada Eva disse:

       - Quer casar comigo? – disse naturalmente, porém assustando ele.

       - Que? Casar? – disse atordoado. – Ouvi bem?

       - Sim.

       - Tipo “casar”, de papel passado e tudo? – ainda estava confuso.

       - Mais ou menos isso. – sorriu.

       - Fala sério? – disse olhando bem nos olhos dela, com uma expressão seríssima. – Não é brincadeira? Pois, se é, não tem a menor graça.

       - Nunca falei tão sério em toda a minha vida. – disse afastando-se um pouco e sentando-se na cama.

       Eva olhava agora para Sebastian que também se sentara na cama e tinha agora um olhar triste. Notou que havia algo errado.

       - O que foi?

       - Faz um tempo, eu estava me afogando no meu próprio desespero, - sussurrou – perdido e sem nada. Então você apareceu e minha vida mudou e pela primeira vez eu sinto que pertenço a algum lugar. Tudo isso parece um sonho.

       - Más. . . – Eva sabia que havia um “más”.

       - Mas eu tenho medo que seja exatamente isso, um sonho. Medo de que uma hora eu vou acordar e ver que você não está aqui, que nada disso é real.

       - Eu sou real. – aproximou-se e o beijou profundamente. – Eu estou aqui e não consigo imaginar minha vida sem que você esteja nela.

       - Me aceita como eu sou? Me ama tanto assim? – disse com os olhos marejados.

       - Sim, amo. Amo tanto que não me importo com o fato de que você não me ama. – disse fazendo-o sentir-se mal por ser verdade.

       - Eva. . . – ele queria dizer alguma coisa, mas as palavras morreram em sua garganta.

       - Tudo bem, o meu amor é suficiente para nós dois. Mas não quero que se sinta obrigado a isso só por que acha que tem uma divida comigo. Você não tem. Isso é algo que tem que vir do seu coração também.

       Sebastian ouvia tudo calado absorvendo essas palavras.

       - Você tem certeza que tem paciência para me aguentar? – disse com um sorriso por entre as lagrimas. – já vou avisando que sou chato, sou o tipo de marido antigo, vai ter que cozinhar e passar pra mim. – disse brincando, fazendo-a rir. – Ah, sim, mulher minha tem que usar véu. Onde já se viu uma mulher de respeito se mostrando por ai assim?

       - Cala a boca. – disse beijando-o.

 

        Um tempo depois se casaram “de papel passado e tudo”, na primavera de mil novecentos e noventa e cinco. Foi um casamento simples, com pouquíssimas pessoas e Luigi e Pietro como padrinhos. Foi o dia mais feliz da vida de Sebastian e ele guardaria todas as imagens desse dia na memória. Todas menos uma, que ele não viu, na verdade ninguém viu quando Luigi deixou a festa, trancou-se em seu quarto e começou a chorar desesperadamente. Nem que ele chorara a noite toda. E quando o viram no dia seguinte e Sebastian lhe perguntou o porquê dos olhos vermelhos ele mentiu, dizendo havia bebido demais e que estava de ressaca. Ninguém saberia realmente o que aconteceu e se dependesse de Luigi, ninguém saberia. Principalmente Sebastian.

        A terra muda, os ventos mudam e como eles, Sebastian também mudou. Todo o amor que Eva lhe dava abrandou seu coração, fazendo-o esquecer-se de todo o ódio que sentia. Ele entrara numa faze calma e começou então á experimentar algo que esse ódio não lhe permitia antes, a paz.

        E foi nessa nova fase de calma que Eva engravidou, dando á Sebastian a maior alegria de sua vida. No outono de mil novecentos e noventa e seis, nasceu um menino a quem Sebastian chamou de Angelo, pois quem quer que colocasse os olhos nele diria que ele trazia a beleza dos anjos. Era inegavelmente um Desmont, com os olhos verdes do pai. E quando Angelo nasceu, Sebastian rezou para que ele não tivesse o mesmo destino trágico a que todos os homens dessa família estavam fadados.

       Sebastian amadurecera, tornara-se um homem de bem, trabalhador. Amava Eva, Angelo e seus irmãos mais que a si mesmo. Um bem estar que nunca imaginou foi gradativamente fazendo-o se esquecer de Robert Murphy, Aaron River e todo o sofrimento do passado. A esperança era como um pássaro que ia montado seu ninho no coração dele, depois de voltar de um longo período longe. E enfim, depois de tudo o que havia acontecido, descobriu oque a palavra felicidade significava.

 

       Seria oportuno se essa história acabasse aqui. Seria um belo final feliz para o nosso herói que já sofrera tanto, afinal ele o merece. Todos ficariam contentes, pois tudo terminaria bem. Mas esse não era o final, não ainda. Seria ótimo se ele alcançasse a felicidade assim tão fácil, seria perfeito. O destino como um espectador sádico, achava que isso não era o suficiente, e lhe preparou mais uma.

       Depois de dois anos que Angelo havia nascido, mais precisamente na sua festa de aniversário de dois anos, Eva desmaiara. Ela já vinha aparentando saúde fraca fazia um tempo e depois disso decidiu procurar um medico. Depois de vários exames feitos, foi constatado que Eva tinha Leucemia. Fora um grande choque para Sebastian, talvez maior para ele do que para a própria Eva.

       Como já disse, a felicidade durou pouco para o nosso amigo, que via seu anjo salvador sofrer com a doença. Via a chama da vida dela apagando um pouco a cada dia, porém mantinha aquele fiozinho de esperança. Não iria desistir de curá-la. Tomou a frente do vinhedo, cuidando muito bem dos negócios da família para que também pudesse procurar por tratamentos mais modernos, e assim a historia seguiu.